TEXTO
Gabriela C. Aguiar
A vida na periferia hoje tem toda uma carga histórica, e
quem sofre as conseqüências é a parte menos favorecida na sociedade, esse
realidade é mostrada de varias formas, uma delas é a musica, vide a letra de
rap Negro Drama, do grupo Racionais Mc’s.
A letra começa definindo uma situação geral, aquela de quem
tem "cabelo crespo e a pele escura": o drama de viver entre o sucesso
e a lama é aquele dos negros brasileiros, mais especificamente dos negros das
periferias, onde vivem os autores da música.
O adjetivo "negro", colocado antes de
"drama", assume também uma carga qualitativa negativa – de escuridão,
noite, treva –, que, no universo de forte religiosidade em que o grupo vive,
traduz o medo da perdição.
O verso "Tenta ver e não e vê nada" insere no rap
um personagem indeterminado – protagonista desse negro drama –, que tenta ver
no horizonte algo como uma promessa de futuro, mas só vê um brilho pálido de estrela.
Os próximos versos voltam a falar do drama geral, o drama da
"cadeia" e da "favela", traduzindo o sofrimento
"túmulo, sangue, sirene, choros e velas". A música segue construindo
a imagem do negro drama.
Os Racionais se tornaram um fenômeno específico por alcançar
enorme popularidade tanto na periferia como na classe média intelectualizada
sem abrir mão de um discurso combativo “entrei pelo seu radio, tomei, você nem
viu’’. E muitas vezes remete ao contexto histórico “’Hey senhor de engenho, eu
sei bem quem você é’’.
Não só essa como muitas outras letras que descrevem o
cotidiano de violência da periferia, cantados em tom de revolta e denúncia,
muitas vezes um forte apelo a religião faz da palavra instrumento de conforto,
os versos mostram a conseqüência do que se vive.
Baseado no texto:
ZENI, Bruno. O negro drama do rap: entre a lei do
cão e a lei da selva. Estud. av. [online]. 2004, vol.18, n.50, pp.
225-241.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v18n50/a20v1850.pdf
0 comentários:
Postar um comentário