Thiago Luiz Cachatori
O movimento Hip-Hop tem
sido um dos movimentos juvenis mais estudados no país, o qual vem ganhado cada
vez mais destaque nos estudos geográficos, pois possui a necessidade de ser
compreendido a partir de duas perspectivas: 1º) Como uma forma que os jovens
negros encontraram, de expressar a experiência de segregação socioespacial e de
construir uma identidade alternativa e afirmativa, justamente, por elaborar a
“experiência de exclusão”; 2º) Pela importância da dimensão espacial na
compreensão do Hip-Hop, enquanto fenômeno urbano. Para isso Turra Neto
baseia-se nos conceitos
de desterritorialização e reterritorialização de Haesbaert,
já que o Hip-Hop é uma cultura que possui uma relação entre o global e o local,
sendo visto não como uma homogeneização cultural, mas um processo de
relativização da cultura global pelo local.
Assim o trabalho é embasado nesta
idéia focando sua “aterrissagem” na cidade de Guarapuava, estruturado da
seguinte maneira: Primeiramente há um levantamento teórico dos estudos sobre
juventudes, sendo abordado análises conceituais clássicas (Jovem enquanto
“quebradores da ordem” ou visto como esperança de uma juventude “renovada
socialmente”) e contemporâneas (“pulsão gregária”: necessidade de estar entre
iguais, à busca de ser conhecido e reconhecido em círculos sociais que vão além
da família – escolhido pelo jovem como processo de autonomia); Destacando em
seguida a história da difusão do movimento Hip-Hop (dos guetos de Nova Iorque
até a periferia de Guarapuava) – movimento este que nasce como festa e diversão
e toma aos poucos um caráter politizado, transterritorializandose e
difudindo-se mundo a fora, contudo essa difusão representou também a sua
diversificação, pois já diziam os Racionais Mc’s: “Cada lugar um lugar, cada
lugar uma lei”; e por fim compreendendo o processo de territorialização do
movimento em Guarapuava, baseado metodologicamente em entrevistas qualitativas
com grupos percussores locais, assim como observações participante para uma
compreensão das redes de territorialização presentes na cidade durante 2006 e 2007.
Como resultado desta
análise Turra Neto destaca que a influência se deu em Guarapuava através dos
meios midiáticos e principalmente nos “terminais de conexão” na cidade (ruas,
quadras de esporte, pistas de skate, escolas de bairros periféricos), pois
todos os jovens se reunião com uma mesma ligação: seja pela música (RAP), pela
dança (BREAK) ou pelo SKATE.
Para a aplicação dos
conceitos de Haesbaert explica-se que quando o jovem entra na sua juventude e
“transpassa” sua dimensão espacial (escola, casa e periferia) ocorre o processo
de desterritorialização, e quando este mesmo jovem chega a outros territórios
(centro e trabalho - construídos também por outros grupos sociais) ocorre o
processo de reterritorialização, pois o jovem leva seu “referente territorial”
do bairro consigo em qualquer espaço que se “manifesta” este movimento (Por
exemplo: “Eu sou Zona Oeste”). Entretanto essa reterritorialização gera um
conflito no espaço urbano, principalmente com a polícia, pois esta vê o movimento
e os próprios jovens como uma ruptura do “território imposto”
(Casa-escola-trabalho), fazendo com que o Hip-Hop ganhe cada vez mais força
política cultural para que os jovens possam construir seus espaços na cidade.
TURRA NETO, Nécio. Movimento Hip-Hop do mundo ao lugar:
Difusão e territorialização. I seminário de pesquisa: Juventudes e cidade.
UFJF, Juiz de fora, 2011.
Disponível
em: http://www.ufjf.br/juventudesecidade/files/2011/09/MOVIMENTO-HIP-HOP-DO-MUNDO-AO-LUGAR-DIFUS%C3%83O-E-TERRITORIALIZA%C3%87%C3%83O.pdf
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