Loading...
quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Movimento Hip-Hop do mundo ao lugar


FICHAMENTO
Thiago Luiz Cachatori
         O movimento Hip-Hop tem sido um dos movimentos juvenis mais estudados no país, o qual vem ganhado cada vez mais destaque nos estudos geográficos, pois possui a necessidade de ser compreendido a partir de duas perspectivas: 1º) Como uma forma que os jovens negros encontraram, de expressar a experiência de segregação socioespacial e de construir uma identidade alternativa e afirmativa, justamente, por elaborar a “experiência de exclusão”; 2º) Pela importância da dimensão espacial na compreensão do Hip-Hop, enquanto fenômeno urbano. Para isso Turra Neto baseia-se nos conceitos de desterritorialização e reterritorialização de Haesbaert, já que o Hip-Hop é uma cultura que possui uma relação entre o global e o local, sendo visto não como uma homogeneização cultural, mas um processo de relativização da cultura global pelo local. 
          
       Assim o trabalho é embasado nesta idéia focando sua “aterrissagem” na cidade de Guarapuava, estruturado da seguinte maneira: Primeiramente há um levantamento teórico dos estudos sobre juventudes, sendo abordado análises conceituais clássicas (Jovem enquanto “quebradores da ordem” ou visto como esperança de uma juventude “renovada socialmente”) e contemporâneas (“pulsão gregária”: necessidade de estar entre iguais, à busca de ser conhecido e reconhecido em círculos sociais que vão além da família – escolhido pelo jovem como processo de autonomia); Destacando em seguida a história da difusão do movimento Hip-Hop (dos guetos de Nova Iorque até a periferia de Guarapuava) – movimento este que nasce como festa e diversão e toma aos poucos um caráter politizado, transterritorializandose e difudindo-se mundo a fora, contudo essa difusão representou também a sua diversificação, pois já diziam os Racionais Mc’s: “Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei”; e por fim compreendendo o processo de territorialização do movimento em Guarapuava, baseado metodologicamente em entrevistas qualitativas com grupos percussores locais, assim como observações participante para uma compreensão das redes de territorialização presentes na cidade durante 2006 e 2007. 

          Como resultado desta análise Turra Neto destaca que a influência se deu em Guarapuava através dos meios midiáticos e principalmente nos “terminais de conexão” na cidade (ruas, quadras de esporte, pistas de skate, escolas de bairros periféricos), pois todos os jovens se reunião com uma mesma ligação: seja pela música (RAP), pela dança (BREAK) ou pelo SKATE.

          Para a aplicação dos conceitos de Haesbaert explica-se que quando o jovem entra na sua juventude e “transpassa” sua dimensão espacial (escola, casa e periferia) ocorre o processo de desterritorialização, e quando este mesmo jovem chega a outros territórios (centro e trabalho - construídos também por outros grupos sociais) ocorre o processo de reterritorialização, pois o jovem leva seu “referente territorial” do bairro consigo em qualquer espaço que se “manifesta” este movimento (Por exemplo: “Eu sou Zona Oeste”). Entretanto essa reterritorialização gera um conflito no espaço urbano, principalmente com a polícia, pois esta vê o movimento e os próprios jovens como uma ruptura do “território imposto” (Casa-escola-trabalho), fazendo com que o Hip-Hop ganhe cada vez mais força política cultural para que os jovens possam construir seus espaços na cidade.

TURRA NETO, Nécio. Movimento Hip-Hop do mundo ao lugar: Difusão e territorialização. I seminário de pesquisa: Juventudes e cidade. UFJF, Juiz de fora, 2011.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Toggle Footer
TOP