FICHAMENTO
Heloisa Vilas Boas A. da Silva
- O grafite no texto de Viana é compreendido como uma manifestação juvenil urbana de natureza
fragmentada e descontínua que põe em questão os sistemas fixos de
representação, implicando numa estética plural e múltipla. Manifestação essa de
caráter político, transgressivo e de apropriação do espaço urbano, que persiste
na história da humanidade como prática oculta e proibida das civilizações mais
remotas. Retomando as linguagens de origens fundadas nas vanguardas históricas
europeias: Expressionismo, Futurismo, Dadaísmo e Surrealismo, fazem parte da
natureza do grafite o seu caráter fugaz e efêmero, a mesclagem de várias linguagens
e o apelo à rua. Os grafites constituem um tipo de produção contemporânea de
grande liberdade expressiva, e que traz um sentido político e estético
compartilhado coletivamente.
- Tratado por Maria Luiza Dias Viana como qualquer denominação
gráfica inserida espontaneamente nos espaços públicos, ora pintada, escrita,
desenhada, arranhada, pichada, ou colada, feita com spray, tinta, compressores,
marcadores, giz, ou qualquer objeto que produza uma marca, o grafite é
enfatizado pela autora como um fenômeno juvenil não só de caráter
comunicacional (transgressivo), mas também envolto no campo artístico.
- Os grafites entram na cena cultural e impõem um sentido de
estética múltipla, na medida em que propõem práticas artísticas ampliadas a um
domínio social constituído não exclusivamente por artistas, mas por qualquer
cidadão.
- Para o pesquisador Nestor Canclini, o grafite define um
gênero híbrido configurado no cruzamento de diversos campos, e que subvertem os
padrões oficiais e institucionais da arte.
- Para a autora, o grafite, que está presente no campo
artístico desde o surgimento das vanguardas modernistas e dos seus
desdobramentos na contemporaneidade, proporcionou uma nova relação da arte com
o espaço público, bem como a desmaterialização da obra e o desenvolvimento de
uma nova dimensão social.
- O envolvimento da autora com o Projeto Guernica fez intensificar sua pesquisa, trazendo novos dados
e informações a partir do meio ao qual ali se encontrava, e pode assim se
aproximar ainda mais de jovens grafiteiros, evidenciando os conflitos gerados
pela atividade: questão da ilegalidade, do risco, da sua apropriação pela moda,
pela mídia, do seu caráter institucional e do trato com a cidade.
- Algumas referências citadas por ela: “Grafite, pichação e
cia” (Célia Antoniacci Ramos), “Guia Ilustrado de Graffiti e Quadrinhos” (Piero
Bagnariol), “Caligrafias e Escrituras” (Maria do Carmo de Freitas Veneroso) e
algumas análises sobre juventude e Hip-Hop feitas por Juarez Dayrell e Spency
Pimentel.
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